Tenho o maior orgulho de dizer que minha filha usa ainda hoje os vestidos que Bibi fez pra mim quando tinha 20 anos. Aliás, naquela época, toda nossa turma usava aqueles vestidos lindos, decotados, acinturados, extremamente femininos que ela fazia. Somos amigas desde a faculdade quando dividíamos o amor por nossas bikes. Costumizadas, é claro. Cada uma tinha uma Caloi 10 com selim trocado por um modelo mais adequado, maior naturalmente, e o guidão alto, pra coluna ficar reta e a postura confortável e elegante. A música era nossa companheira inseparável dos percursos entre PUC, USP, Alto de PInheiros, Higienópolis, Agua Branca. Muita seleção em fita cassete pra dar um gás na pedalada. Os anos foram passando, eu segui jornalista e na música. Bibi foi pra Londres e voltou cheia de cursos, de repertório, toda inventora de técnicas mágicas pra transformar desenhos, tecidos, rendas, nessas peças maravilhosas que fazem o sonho das noivas mais lindas que eu já vi.

Para minha imensa alegria ela começou a fazer figurinos pra shows. E tem feito com a dedicação e o capricho que ela coloca em tudo na vida. Bibi tem essa energia de quem se apaixona pelo que faz. Vamos juntas aos shows e eu admiro os arranjos, fico de olho na linha de baixo, na levada do violão, enquanto ela observa com precisão e olhar apurado que o decote podia ser outro valorizando mais a beleza daquele colo, ou que a camisa limita o movimento da artista naquele momento em que o verso pede mais dramaticidade do corpo. Que maravilha... Adoro nossas diferenças, nossas especialidades. Adoro acompanhar seu processo de criação. É como compor. Ela vai ao show, se inspira, ouve as músicas, fica absolutamente envolvida por cada universo em que mergulha. Se está desenhando pra Tulipa, é Tulipa que se ouve no ateliê. E dançando e cantando junto. Curtindo pra valer. Não por acaso a roupa fica perfeita. Quem há de dizer que não é a cara da Tulipa aquele vestido azul que ela usou pra cantar com Lulu Santos? E o vestido do carnaval? O corte impecável do terno que Zélia Duncan usa no ToTatiando esconde segredos e detalhes como as barras dos vestidos de noiva que têm aqueles bordadinhos de morrer de emoção. Bibi me disse outro dia que a música transforma a vida dela. Bi, minha querida, sua arte e a beleza que vem de você também transformam a vida da gente. Os shows estão mais bonitos de ver.

Patrícia Palumbo